Quinta, 21 Novembro

Montante por quilo vendido ao exterior caiu 19% em 2022, avança a Portugal Fresh, revelando que a subida das vendas não compensou o aumento dos custos e da inflação.

140323 exportacao foresO mercado das plantas ornamentais foi um mais afetados pela pandemia e sofreu enormes dificuldades no escoamento da sua produção, tanto interna como externamente.

Como recorda ao DN/Dinheiro Vivo o presidente da Portugal Fresh (Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal), em 2020 e em apenas três semanas "as seis empresas associadas da área das flores e plantas ornamentais reportaram perdas reais no volume de negócios de mais de três milhões euros".

Três anos depois a estabilidade ainda não voltou ao setor que, tanto em Portugal como no resto da Europa, transita entre a expectativa e a incerteza, diz Gonçalo Santos Andrade. "O mercado aguarda para ver como o ano vai correr. Há empresas associadas da Portugal Fresh que antecipam um leve crescimento, pois não haverá grandes condições de mercado para aumentos substanciais de vendas", lamenta o responsável.

No ano passado os valores das exportações pareciam indicar uma retoma para o negócio português das plantas ornamentais, uma vez que existiu um crescimento de 4%, em comparação com 2021. O que se traduziu em 132 milhões de euros em plantas exportadas e um aumento de 28% em volume (119 milhões de quilos). No entanto, o dirigente associativo alerta que, "contas feitas, o valor por quilo caiu de forma drástica - 19%. Isto significa que o crescimento das exportações não compensa o aumento dos custos e da inflação".

Por forma a relançar as plantas ornamentais no mercado internacional, a Portugal Fresh esteve presente, no mês passado, na IPM Essen, uma feira mundial do setor das flores e plantas ornamentais, com quatro empresas associadas.

Para Gonçalo Santos Andrade, a participação na feira foi muito positiva, sendo que aquelas empresas tiveram oportunidade de reencontrar clientes e fazer novos contactos. "Com este investimento na promoção externa, comprovamos a enorme resiliência dos produtores. Apesar do contexto desafiante e de todos os obstáculos que enfrentaram nos últimos dois anos, regressaram à maior feira deste setor demonstrando enorme capacidade competitiva", declarou.

Os contactos foram feitos e as reuniões com clientes novos e antigos sucederam-se. Mas o verdadeiro trabalho acontece depois, no regresso a Portugal, com a continuidade desses contactos e na concretização, efetiva, de vendas. "Cada empresa tem o seu plano de negócios específico", refere o presidente da Portugal Fresh, não adiantando valores de negócios realizados durante a feira.

Apelo ao Governo

As exportações portuguesas de frutas, legumes e flores atingiram, em 2022, o maior valor de sempre: 2040 milhões de euros.
Segundo Gonçalo Santos Andrade, trata-se de um recorde absoluto para o setor e uma meta desejada há muito tempo. "Este resultado significa um aumento de 15,6% em comparação com 2021. Em volume, as vendas internacionais também cresceram 13,6% para 1835 milhões de quilos", detalha o presidente da Portugal Fresh.

No entanto, e por forma a ser possível manter este ritmo de crescimento, o presidente daquela associação apela ao governo para que haja a devida valorização do setor. "Concorremos num mercado global e partimos em condições muito desiguais face às dos nossos principais concorrentes, sobretudo, Espanha. Reclamamos há vários anos um maior investimento público no setor e um sinal claro de reconhecimento de que a agricultura é absolutamente estratégica para a economia do país", afirma.

Gonçalo Santos Andrade declara que a instituição que lidera "defende mudanças estruturais no Ministério da Agricultura e Alimentação que implicam, não só a manutenção da secretaria de Estado da Agricultura, como também a criação de uma secretaria de Estado da Alimentação".

E, reforça, dizendo que o setor precisa de um Ministério da Agricultura e Alimentação - que é liderado por Maria do Céu Antunes - robusto, competente, capaz de enfrentar os inúmeros desafios e que trabalhe em estreita colaboração com o setor. "Esta nova estrutura, mesmo que temporária, manifestamente não serve um setor que tem ambições de crescimento e investe há décadas na entrada em novos mercados, na inovação e na produção de alimentos essenciais", defende o líder da Portugal Fresh.

Por: Mónica Costa
Fonte: 
https://www.dn.pt/dinheiro/exportacoes-de-flores-e-plantas-crescem-4-mas-perdem-valor-15823414.html#media-1


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